quinta-feira, 31 de outubro de 2013

sábado, 3 de agosto de 2013

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MARACATUS INICIAM CICLO DE DEBATES PARA REGISTRO IMATERIAL DO MARACATU CEARENSE

Dia cinco de setembro foi um dia histórico para o Maracatu, pois finalmente deu-se inicio aos debates e diálogos quanto ao registro imaterial do Maracatu Cearense a nível municipal. Com a presença da maioria dos presidentes e representantes legais dos Maracatus fortalezenses a reunião começou com atraso de meia hora o que não prejudicou o bom andamento dos trabalhos. Clélia e Felipe Barreira ambos da Coordenação do patrimônio histórico e cultural do município salientaram a importância do registro imaterial de nosso maracatu, sobre tudo, quanto à notoriedade que tal feito acarretará a esta manifestação cultural local.

O registro a nível municipal é o primeiro paço na luta para a afirmação de nosso bem cultural que é o maracatu do rosto pintado salientando à sua originalidade e espontaneidade enquanto fenômeno popular local. A idéia é tornar visível e reconhecer esta expressão cultural que já se apresenta em nossa cidade segundo cronistas como Gustavo Barroso e Rodolpho Teófilo desde idos do século XIX.



O Maracatu Rei do Congo deu entrada no Pedido do registro a nível municipal em 2011 ao mesmo tempo que fez o mesmo processo a nível estadual e federal junto ao IPHAN que significa o último estágio quanto ao reconhecimento total desta manifestação.

Durante o evento estiveram presentes; a atual Secretária de Cultura de Fortaleza a Sra. Fátima Mesquita e sua assessora “Helaine Brito”.

Agradecemos, diante mão, a expressiva presença por parte da maioria dos grupos de maracatus fortalezenses que compareceram ao evento o que demonstra o interesse coletivo em evoluirmos cada vez mais em nossa arte.

Rodrigo Damasceno.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

REI DO CONGO E IRMANDADE DO ROSÁRIO REALIZAM PROCISSÃO DO FOGARÉU


Baseada na tradicional Procissão do Fogaréu que acontece desde o século XVIII na cidade de Góias Velho, Região Centro Oeste do Brasil, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário encabeçada pela Associação Cultural Maracatu Rei do Congo – ACMRC realizou a encenação da referida procissão no interior do Santuário do Sagrado Coração de Jesus no centro da cidade nesta última quinta-feira após a Vigilia Eucaristica. Segundo Rodrigo Damasceno curador da Irmandade e atual presidente do Maracatu Rei do Congo “a possibilidade de trazermos tal tradição religiosa para nossa cidade incrementa a programação cultural proposta pela confraria do Rosário durante o ano possibilitando um contato maior com a tradição católica e antiga de nosso pais”. Também segundo Rodrigo além do Fogaréu, foi feita uma vasta programação voltada a Semana Santa que incluiu; Via Sacra nas Casas, terços na Igreja do Rosário, Procissão do Senhor Morto (já tradicional no centro da cidade) e a famosa quiema de Judas já realizada no bairro “José Bonifácio” desde a década de oitenta.

Para a realização do fogáreu foram confeccionadas doze túnicas pretas com capuzes roxos, feito um estandarte com a figura de Cristo aprisionado que foi pintado pelo artista plástico “Wlamir de Souza” e adquiridos dez tochas em bambu para serem levadas pelos penitentes “que aqui em Fortaleza foram chamados de “Farricocos” fazendo jus aos antigos integrantes mascarados das procissões católicas do século passado”.

A idéia segundo Rodrigo é fazer com que esta procissão vire uma tradição na semana santa e que a cada ano cresça cada vez mais partindo da Igreja do Rosário em direção as Igrejas do Carmo e do Coração de Jesus, ambas próximas entre si.

A Procissão do Fogaréu em Góias é uma tradicional procissão católica realizada anualmente na cidade de Goiás, na quarta-feira santa. Encena a prisão de Jesus Cristo e tem início às 0:00 da quarta-feira santa, com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, à porta da Igreja da Boa Morte, na praça principal da cidade. Os penitentes vestem-se em indumentária especial representando soldados romanos.A Procissão do Fogaréu foi introduzida em Goiás pelo padre espanhol Perestelo de Vasconcelos, em meados do século XVIII.

Para maiores informações: (85) 8628.9806 (Rodrigo).
Veja mais fotos do evento em: irmandadedorosariofortaleza.blogspot.com

sábado, 29 de maio de 2010

03. INSTITUCIONAL


Integrantes da ala das filhas de santo (ala das rosas) coordenada por Ana Célia Paiva e Mãe Margarida.



A Associação cultural Maracatu Rei do Congo (ACMRC), entidade cultural sem fins lucrativos com sede e foro nesta capital (Fortaleza-CE), iniciou seus trabalhos em 29 de setembro de 2009 participando pouco tempo depois do desfile oficial das agremiações carnavalescas desta mesma cidade realizado na Avenida Domingos Olímpio sendo o mesmo agraciado com o quinto lugar apesar do pouco tempo de sua fundação. Maracatu guerreiro e engajado, faz alusão a figura mítica do "Rei do Congo" (manicongo) trazida ao Brasil por africanos (sobre tudo os de etnia banto) oriundos das regiões congo-angolanas. Esta entidade tem como parâmetro realizar uma releitura desta tradição cultural de gênese africana e de suas vertentes, levando-se em consideração suas respectivas mutações históricas onde predominam-se: Congos, reis e o maracatu aqui enfatizado. Acreditamos que tais ações são imbuídas da necessidade de resistência e difusão da cultura africana em nosso estado, por isso mesmo, sempre priorizamos a responsabilidade social através do profissionalismo técnico, incutindo sempre em nossos afiliados a obrigação da preservação de nosso patrimônio material e imaterial.



Trilhando neste mesmo ideal, a ACMRC tem como meta a reimplantação e/ou reestruturação de aparelhos culturais desativados ou em vias de degradação ou esquecimento como é o caso da “Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Capital” já extinta em meados da segunda metade do século XIX, responsável entre outras façanhas pela construção do templo destinado a esta santa e pelas antigas coroações de reis negros do rosário.



Tais empreendimentos denotam de forma clara e objetiva, nossa reais intenções quanto a preservação, difusão e reiteração da cultura negra em nossa região.




DIRETORIA:


Presidente: Rodrigo Damasceno Rodrigues
Diretor Institucional: Descartes Gadelha
Diretora Geral e Mentora: Ana Célia Paiva
Diretora de patrimônio: Eunizete
Secretário: César Cantidio Brasil de Souza
Conselheira Fiscal: Maria Inês Mapurunga de Miranda


CORES PREDOMINATES:


Azul turquesa, amarelo canário, branco e eventualmente a vermelha.


NÚMERO DE ALAS:
10 Alas

DATAS COMEMORATIVAS

06/01 - Dia de Reis (Congos). Coroação de reis na Igreja do Rosário e/ou na Sede do Maracatu;

02/02 - Nossa Senhora das Candeias;

08/02 - Dia de Santa Backita;

14 a 18/02 - Carnaval;

14/03 - Dia de Santo Antônio de Categeró;

25/03 - Dia do Maracatu;

22/04 - Procissão de Bom Jesus dos passos (Semana Santa);

23/04 - Dia de São Jorge Guerreiro

21/09 - Dia de Santa Ifigênia;

26/09 - São Cosme e Damião

07/10 e 04/10 - Festa de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (Inicio dos ensaios do maracatu);

29/10 - Aniversário de fundação do maracatu;

23/12 - Festejo Natalino (confraternização).

31/12 - Reveillon (Confraternização).

Obs: Todo dia 07 de cada mês haverá terço em homenagem e graça a Nossa Senhora do Rosário que será realizado de maneira peregrina visitando as casas dos associados que se dispuserem a recebê-lo.

04. LOCALIZAÇÃO




 
Tel:. (85) 8599.9080 / 9782.8552 (falar com Rodrigo - presidente).
Escritório: Rua Major Facundo nº1712 A, Bairro: José Bonifácio (centro).
CEP: 60025-101, Fortaleza - Ceará - Brasil.
Horário de atendimento: Sextas de: 08 às 12h e de: 13 às 18h.
E-mail: maracatureidocongo@gmail.com
Blog: maracatureidocongo.blogspot.com

05. CALENDÁRIO DO MÊS

06. ANIVERSARIANTES DO MÊS

07. CURSOS

08. BIBLIOTECA

09. EVENTOS

10. HOMENAGEM


Inês Mapurunga interprete e compositora.
Rendemos homenagem à queridíssima amiga de todas as horas Maria Inês Mapurunga de Miranda mais conhecida por “Inês Mapurunga”. Inês é Interprete compositora e cantora, figura já tarimbada no meio cultural fortalezense. Atualmente realiza projetos voltados a comunidades do interior do estado. Geógrafa por profissão e artista por devoção já possui Cd lançado e repertorio musical vasto participando ativamente do meio artístico local. Juntamente com o artista plástico e também compositor Descartes Gadelha formam uma parceria imbatível que já perdura anos sendo suas vozes facilmente vinculadas aos maracatus, afoxés e blocos carnavalescos pois sempre estão presentes na Avenida Domingos Olímpio puxando os enredos ou simplesmente como autores dos mesmos. No Maracatu Rei do Congo desempenha cargo de conselheira fiscal e puxadora oficial de loas na avenida além de ser uma das fundadoras do mesmo. Nasceu na cidade de Viçosa do Ceará região norte do estado.

11. ENTREVISTA


Entrevista cedida ao projeto "Patrimônio para Todos realizado em outubro de 2011 na sede do Maracatu Rei do Congo.



ENTREVISTA Á FRANCISCO BRAGA "HELENINHA" CARNAVALESCO


Preta Velha do Maracatu, Franco Braga, 50, guarda a sabedoria do maracatu. Figurinista, ele busca o luxo e o brilho para a apagada Domingos Olímpio.
 
Franco Braga caminha quase diariamente pelas lojas do Centro da cidade. Seus pés são guiados pelos olhos. Eles garimpam o comércio à procura de objetos decorativos, novidades no mercado. “Você tem que sair peneirando. É quase uma peregrinação. Passo o dia todo vendo o que tem numa loja, o que não tem na outra, diferente de São Paulo que em uma loja só você compra tudo. Eu passo todo dia no Centro, mesmo sem comprar. Sei que um dia eu vou precisar e aí eu já sei onde tem. Fora os que me ligam para saber onde comprar determinado material”.

Preta Velha do Maracatu, guardadora da sabedoria e responsável por repassar aos demais a tradição, Franco Braga, 46, funciona como um coringa do Maracatu. Além de incorporar a hierárquica personagem na avenida, ao lado do Preto Velho, ele assina o modelo de todas as fantasias de alguns dos mais importantes maracatus da cidade. Na concentração, momentos antes de desfilar, ele veste todos, arremata um ponto, ajusta um adereço. Só depois, cuida de sua roupa.
No desfile, mesmo as personalidades menos “gloriosas” precisam de luxo. Sita como exemplos dois personagens históricos como o Dragão do Mar e a Princesa Isabel, “as vestes do Dragão do Mar são simples, muito diferentes das roupas da Princesa Isabel, mas ambos podem ser luxuosos. Só não podem ser desproporcionais para não descaracterizar”. Todas as roupas do desfile são pensadas, desenhadas e tiradas o modelo por Franco. Depois, ele supervisiona o trabalho das costureiras divididas entre os maracatus, aos quais está prestando serviço. A casa nesse período vira uma loucura e exige de Franco um jogo de cintura similar ao seu talento. No clima acirrado de disputa entre as agremiações, Franco convive de forma “harmônica” com inimigos de amigos. A casa, localizada no centro. A gente vai levando. O importante é respeitar profissionalmente cada um, mesmo que seja de opinião diferente”, revela o segredo de tanto carisma.

Franco sobrevive do trabalho manual há mais de 20 anos. “Sempre fui artesão. Eu assistia ao desfile jovem e tinha medo da cara preta. Esse medo de criança... Mas aí o medo passa a ser uma admiração”. Até chegar ao rosto de falso negrume, Franco desfilou na ala de índios, depois com os negros, até chegar à Preta Velha, posto assumido há seis anos e cativado com orgulho. “A partir do momento em que você veste a roupa, você tem que viver a personagem. Você vira uma velha e tem que agir como uma velha. Você veste a roupa e incorpora, ela vem, chega. Na concentração, você já vive o personagem. Na avenida, você vive a emoção”.

Desde quando entrou para o maracatu, somente ano passado ele não participou do desfile. Em 2008, passou o Carnaval em São Paulo, mas dormiu no hotel agarrado com um litro de uísque. Havia fechado contrato com a escola de samba paulista Nenê de Vila Matilde, cujo enredo era Câmara Cascudo. Se aqui no Ceará, os dias que antecedem o desfile são loucos pela demora da liberação da verba municipal, em São Paulo a sensação é a mesma, mas justamente pelo motivo contrário. “É muita fantasia. É muito dinheiro. O acordo era de deixar as fantasias prontas na avenida. Eu passei uma semana sem dormir para terminar. Tanto que eu não desfilei. O samba troando na avenida, e eu dormindo no hotel, com o meu uísque”.

Em Fortaleza, não haveria perigo de repetir o fato. O maracatu está no sangue. Apesar de constatar que o glamour do Carnaval de São Paulo supera em muito ao da Domingos Olímpio, ele preferiu voltar para a sua terra Natal. “Eu fiquei muito triste lá em São Paulo. Assistia na televisão, via o samba em São Paulo e no Rio de Janeiro; o frevo no Recife; o axé na Bahia. Quando iam falar do maracatu de Fortaleza, mostravam a arquibancada caída”. (a arquibancada havia caída naquele desfile).

Com a vida entregue ao maracatu, Franco divide seus trabalhos com a atividade de decorador de festas. Do batizado ao casamento, do São João ao Réveillon, ele faz artefatos e deixa a festa ao desejo do cliente. “São artes diferentes, mas quem faz uma decoração de carnaval está preparado para qualquer coisa”. A diferença, no entanto, não fica apenas no estilo da decoração. No carnaval, ele vive e protagoniza a festa; nas demais comemorações, ele não participa. É um profissional. Após entregar o trabalho, debanda para casa. “Eu já estive por dentro dos muros altos da Aldeota, onde acontecem as maiores festas, onde rola o dinheiro, onde só entram as criaturas convidadas. Penetra não tem vez. Nessas, eu não assisto à festa. Entrego e dou o tchau. É a mesma coisa que eu fiz em São Paulo... Entreguei na avenida e fui dormir”, compara.

Paixão festeira mesmo só na Domingos Olímpio e nas demais apresentações feitas, esporadicamente, ao longo do ano. “Lá ta o mundo todo te assistindo. O maracatu é uma coisa esperada. A gente fica por último para segurar o público. Só não é valorizado aqui, no povo do Ceará. A gente também se apresenta nas escolas. Você tem que levar a cultura para o povo. Você carrega nas costas e não tem preço que pague”.

Entrevista realizada pelo jornal "O Povo" dia 17 de fevereiro de 2009 feita as devidas atualizações sem, no entanto, corromper-se sua integra.

12. FINANCEIRO

13. CONTATOS

14. AGENDA DA PRESIDÊNCIA


 O atual presidente Rodrigo Damasceno.

Siga os paços do presidente durante a semana e mantenha-se informado(a)


AGOSTO DE 2013
1º SEMANA:

CONFIDENCIAL (POR MOTIVO DE SEGURANÇA)

2º SEMANA:

CONFIDENCIAL

3º SEMANA:

CONFIDENCIAL

4º SEMANA:

CONFIDENCIAL

15. GRUPO DE ESTUDOS AFRO - BRASILEIROS "GEAB"


Em breve a Associação Cultural Maracatu Rei do Congo ACMRC irá dar início aos trabalhos do Grupo de Estudos Afro - Brasileiro - (GEAB) destinado ao estudo, interpretação, documentação e divulgação da cultura afro em nosso estado e em nosso país. No decorrer dos trabalhos serão ministrados cursos voltados ao estudo das irmandades, vestimentas, sincretismos religiosos, comércio escravo e aspectos culturais da presença negra em nosso estado. Será implementado também, o Grupo Teatral Afro Brasileiro (GTAB) com o intuito de profissionalizar as apresentações públicas e particulares de nosso maracatu onde serão ministradas oficinas de interpretação, montagem de espetáculo, cenografia, iluminação e interpretação. Tais análises têm como objetivo implantar conhecimentos e costumes, muitas vezes já perdidos ao sabor do vento, em nosso maracatu, servindo de base para nossas loas, indumentárias, adereços e alegorias... A previsão é de os mesmos serem implantados ainda no mês de julho dando inicio oficialmente aos trabalhos destinados ao desfile de 2011 quando o Maracatu Rei do Congo participará pela segunda vez do desfile das agremiações na Avenida Domingos Olímpio... Aguardem!

16. GRUPO DE PERCUSSÃO MESTRE JOAQUIM XAVIER "JX"


Batuqueiros na Av. Domingos Olímpio no desfile de 2013.

O Grupo de Percussão Mestre Joaquim Xavier faz alusão à figura do antigo procurador da extinta Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Capital que também era diretor dos congos (autos de congo) que se apresentavam na zona central de Fortaleza. Mestre Joaquim como era chamado por todos, teve seu braço amputado na guerra do Paraguai sendo por isso conhecido pela alcunha de “Joaquim do braço cortado”. Inspirados por esta brava figura de pulso forte e de luta incansável pela preservação de suas raízes africanas o Maracatu Rei do Congo rende homenagem a um dos últimos e mais fortes procuradores da Irmandade do Rosário da capital colocando seu nome em seu batuque.

ENSAIOS: Aos domingos de cada mês a partir do mês de outubro até o carnaval.

ENTREGANTES: De 25 a 40 componentes.

INSTRUMENTOS: Caixas, tambores, zabumbas, ganzás, chocalhos, triângulos, gonguês, agogôs e xequêres.

MESTRE: MARCOS MELO (MARCÃO).

18. GRUPOS AFROS: AFOXÉS

Afoxé ACABACA de Ivaldo Paixão

Os blocos de afoxés, oriundos dos terreiros de candomblé são considerados, historicamente, as entidades mais antigas do carnaval afro-brasileiro, pois desde o ano de 1890 os mesmos já desfilavam em forma de cortejo pelas áreas periféricas de Salvador, trajando roupas e adornos importados da África, demarcando, desta forma, uma produção cultural diferenciada através da dança, música, teatro, poesia estética do vestuário e do corpo.


Entre estes afoxés destacavam-se os seguintes: Embaixada africana, Pândegos da África, Filhos da África e Guerreiros da África.

Com nomes que remetiam a África, com abadas, búzios, no ritmo do ijexa e cantando orôs, Ra uma manifestação que mesmo embasada na tradição do povo negro, apontava para o futuro das relações raciais brasileiras.

Pesquisadores como Manoel Quirino, Olabiyi yai e Nina Rodrigues, reconhecem a forte influencia africana no carnaval brasileiro, como por exemplo, o damurixa que Ra uma festa mascarada que se realizava em Lagos na Nigéria no mês de janeiro e que teve “reprodução exata” nas ruas de Salvador a partir do ano de 1897. Assim como o Gueledé-Nagô-Yorubá, que era uma festa Yourubana.

Na virada do século XIX estes blocos negros tornaram-se incômodos ao sonho civilizacional elitista, sendo que houve a tentativa de tirar das ruas as entidades afro-carnavalescas. Porem acabou acontecendo o inverso e a elite se retirou das ruas para os clubes privados. Neste contexto surgem escolas de samba, maracatus e o bloco Afoxé Filhos de Gandhi.

No Ceará, o primeiro afoxé surgiu em Fortaleza no ano de 1990, no Axé Ilé Ibá, criado por pai Del de Oxum e pai Xavier de Obaluaê com o nome de Filhos de Sudan, valendo ressaltar que foi fundado no primeiro terreiro de candomblé aberto no Ceará e funcionando até hoje.

O afoxé reverenciava o orixá Oxum e saiu no carnaval de Rua de Fortaleza que em 1990 concorreu na Avenida Pessoa Anta, tendo desfilado como afoxé independente, ala da escola de samba “Império Ideal” sendo campeã, e também como ala de maracatu, seus componentes eram filhos da casa e comunidade do Parque Dois irmãos.

O afoxé Filhos de Sudan só participou do carnaval de 1990 e atualmente encontra-se adormecido na memória dos carnavais de rua de Fortaleza. O oro cantando naquele memorável carnaval foi o seguinte:

Os filhos de Sudan chegaram;

Rezando uma oração Nagô;

Falando de fé e esperança;

Espalhando paz e mor;

Dizendo para todas as nações;

Que os filhos de Sudan são irmãos;

Ê moriô moriô babá

Ê babá miloxé babá.

O segundo afoxé do Ceará foi fundado em 1991 e era composto por filhos do Ilê Axé Oloiobá, dentre os quais se destacavam: Sérgio Mulata, Júlio de Xangô, Marcello Santos, Roney,Leno Farias, Jairo de Oyá, Marcos da Justa, Lino e Jorge de Oxossi, Alexandre (DEDÉ) Mãe Valeria. Com o nme de Korin Orun (cantando para o céu), o afoxé realizou várias apresentações de palco, culminando com o 20 de novembro de 1994 na Praia de Iracema ( consciência negra) reverenciava o orixá Oxossi e adormeceu em 1995.


O Afoxé Oxun Odalá

O terceiro afoxé do Ceará surgiu em 1995 com os militantes do movimento negro do Ceará o “GRUCON” grupo de consciência negra. O afoxé tinha como nome “Kalunga Banzo” reverenciava os orixás Oxaguian e Iansã. Tinha como principais componentes Hilário (Xangô), Rosa Barros(Iansã), Cleudo Júnior (Pai Olotoji – parte espiritual com Ifá, Padê, etc), Oziléia, Izabel, Ana dentre outros. Desfilou como ala do maracatu Rei de Paus nos de 1995 e 1996. O afoxé adormeceu, porém, ainda hoje existe a ala dos africanos no Maracatu Rei de Paus que era a La do Afoxé Kalunga Banzo e que não usa pintura durante o cortejo.


O quarto afoxé do Ceará é o afoxé “Acabaca” fundado em 13 de maio de 2006 com o intuito de divulgar as religiões de matriz africana e lutar contra todo tipo de preconceito. O bloco “Afoxé Camutuê Alaxè – Acabaca vem preencher um espaço no meio cultural cearense e se propõe a ser mais um componente na diversidade cultural do estado.

Desde o final do século XIX havia uma forma de divertimento dos negros escravizados que buscavam preservar o patrimônio religioso ao mesmo tempo em que se constituía um repertorio afro-brasileiro que eram os afoxés, um cortejo de rua de origem Jêjê – Nagô com poder ritualístico e que tradicionalmente em desfile carnavalesco, reúne um grade número de afro-descendentes, simpatizantes e religiosos de cultos africanos dando-lhes a oportunidade de relembrar a cultura, os aspectos místicos e mágicos dentro dos rituais de seus ancestrais.

A força do Bloco Afoxé está na cultura negra, na beleza e na harmonia de sua plasticidade ritmada por ágeis mãos negras que entoam mantras afros com seus Alabês em três tipos de atabaques: Rum, rumpi e lê. Os ritmos são acompanhados por abes (xequerês) e agogôs, em ijexá de cadencia marcante. Esses são os únicos instrumentos utilizados por um afoxé de raiz.

Prestamos homenagem a todos os orixás conforme consta em nosso símbolo e estandarte cumprido antes de se iniciar os ensaios e desfiles alguns preceitos, preservando os valores e as características da africanidade com seus cânticos, instrumentos de percussão, ritmos e indumentária.

Um dos preceitos realizados é a cerimônia do Padê que significa “despacho de Exú” (entidade mágica que é a natureza dinâmica) aquele que recebe a oferenda e após o despacho concede a premissa para a realização do cortejo. A festa celebra os nossos antepassados e eles os eguns. Na ocasião também é pedido passagem e encaminhamento a nossa tradição. Somente após o Padê que o afoxé se entrega aos cantos e danças iniciando sua peregrinação religiosa.

O Camutuê Alaxé, foi criado e idealizado pelo militante do movimento negro “Ivaldo Ananias Machado da Paixão” e conta com a inestimável colaboração da UECUM, FEBARJ, Paulo Mandu, Nonato Fernandes, José Antonio, José Adanisio, Mãe Taquinha (que gentilmente através do Ifá fez a confirmação do nome do bloco – Camutuê Alaxé).

A fim de registrar para a história musical que a introdução do Abê no Ceará teve como pioneira a Associação de Expressão Cultural Percussiva Caravana Cultural e também por reconhecer a importância do Abê (xequerê) na musicalidade de origem africana e em especial no ritmo ijexá de um afoxé é que o afoxé Acabaca levou para a avenida em 2009 o enredo “Abê no Ceará – obrigado caravana”.

O Abê (agbê ou xequerê) é um instrumento de percussão de origem africana constituído de uma cabaça (fruto vegetal) coberta entrelaçadamente com miçanga (antes eram búzios ou ave-marias) que balançados de um lado a outro, friccionados, pelas mãos hábeis de alabês faz com que a malha de contas repercuta na parte externa da cabaça emitindo um som que lembra a palavra xequerê e devido a sua sonoridade poderosa obriga o percussionista a dançar para tocá-lo com movimento frenéticos de muita harmonia e beleza plástica.

O quinto Afoxé do Ceará é o Obá Orun – “ Afoxé Rei dos Céus” fundado em agosto de 2007 na cidade do Crato na Universidade Estadual do Cariri (URCA), tendo como proposta a implementação da lei 10.639/03. Os idealizadores e componentes são: Lincoly Jesus Alencar Pereira, Ridalgo Félix, Jackson Rodrigues e Yáscara Rodrigues. O Afoxé Oba Orun reverencia o orixá Xango e só realiza oficinas e apresentações de palco.

O sexto afoxé do Ceará é o Afoxé Filhos de Oyá fundado no ano de 2008 no Centro Espirita de Umbanda Rei Dragão do Mar no bairro Jardim Jatobá, tendo como idealizadora Mãe Taquinha de Oyá. Seus componentes em maioria são da comunidade do jatobá e frequentadores do referido centro. Seus principais membros são: Raimundo praxedes, Mãe Jeannie, Pai Marcos Amorim, Mãe Antonieta e Paulo Mandu.

O Afoxé Filhos de Oyá desfilou oficialmente pela primeira vez no carnaval de Rua de Fortaleza oficialmente bem 2009 entoando um oro composto por            Descartes Gadelha e Inês Mapurunga intitulada “meu atabaque, meu agogô”.

O sétimo afoxé do Ceará é o afoxé Oxum Odalá fundado em 2009, que surgiu do Instituto de difusão da Cultura Afro – Brasileira (INDICA), tendo entre seus fundadores; Raimundo Praxedes (diretor de eventos), Pai Wagner de Oxum (presidente do Indica) que batizou o afoxé com o nome anteriormente dito. O afoxé foi lançado em 27 de setembro de 2009 em um evento festivo no parque da liberdade.

Finalizando; gostaríamos de tecer um pequeno comentário sobre o afoxé “Senhor do Bonfim” citado no livro de Raul Lody “O Povo de Santo; História e cultura dos orixás, Voduns, Inquices e Caboclos”. Segundo o autor, o afoxé teria existido com cede no bairro do Bom Jardim e seria o segundo afoxé a ter sido fundado no Ceará. Após meticulosa pesquisa, constatamos que o Afoxé Senhor do Bonfim nunca chegou a existir havendo um equivoco por parte do autor citado, pois o pai de santo Luis de Xangô tinha uma roça (terreiro de candomblé) denominada de Senhor do Bonfim. Luis também era fundador do Maracatu “Verdes Mares” e seus filhos de santo saiam na útima ala do mesmo. O Maracatu em questão lembrava em sua organização um grupo de afoxé, daí nosso entendimento quanto ao equivoco deste escritor em citar este maracatu como mais um afoxé.

17. CANDOMBLÉ E UMBANDA NO CEARÁ

19. CONGOS, REISADOS E BOIS

20. A IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

Foto da igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fortaleza-CE.


Conta à tradição que no século XIII o Papa Inocêncio III convocou uma cruzada ao sul da França dirigida por Simão de Monfort contra inimigos da cristandade (albigenses) obtendo vitória sobre os mesmos. Tal acontecimento foi atribuído a um milagre de Nossa Senhora do Rosário sendo construída no local uma capela em homenagem a santa, três séculos depois a mesma santa estaria envolvida em nova refrega entre cristãos e os chamados infiéis (turcos) na cidade de Lepanto sendo novamente a vitória atribuída a virgem do rosário onde foram libertados na ocasião cerca de 20.000 escravos. Gregório XIII reforçou o rosário como símbolo de vitória e libertação festejando a santa no primeiro domingo de outubro. Esta tradição católica, iniciada a priori na Europa disseminou-se para outras regiões do globo através da colonização de metrópoles europeias no nosso caso partindo primeiramente de Portugal para terras africanas e posteriormente brasileiras. No Brasil os principais encarregados de difundir este culto foram os dominicanos que incentivavam a recitação do rosário composto por 150 Ave–Marias subdivididas em 15 dezenas iniciadas sempre por um pai-nosso.


"É constante a tradição que um preto africano pelos anos de 1730 em diante erigiu uma capelinha a Nossa Senhora do Rosário, no local em que se acha hoje a desse nome, a qual ficava um pouco afastada da vila. Esta era, como toda construção daqueles tempos, de taipa e de palha. Nela rezavam os pretos seus terços, novenas e outros atos de devoção". MENEZES,Antonio Bezerra de. Descrição da cidade de Fortaleza:Edições UFC, 1992, P. 162.

Como vemos nesta transcrição de Bezerra de Menezes a construção do templo destinado aos cultos a N. Sr. (a) do Rosário data do século XVI, porém, não sabemos ao certo a data precisa dos inicios dos trabalhos da Irmandade do rosário que transformaria esta construção de taipa no que conhecemos hoje como a atual igreja do Rosário. Igreja mais antiga de nossa cidade.

“Havia reunião solemne da confraria, apparecendo enfeitados machos e fêmeas. Presidia o rei, e assentavão-se todos em cadeiras de espaldar com tampos de sola, bordada, às vezes, bem bonitas. A negraria rababú ocupava bancos de madeira formando corte ás damas aderessadas de collares de contas vermelhas, grandes brincos de pedras verdes e azúes, em metal dourado, annéis de tambaque, e outros enfeites, entre os quaaes sobresahião as fitas das quaes um carretel custava meia pataca”!

Este trecho de João Brígido, apesar de preconceituoso, nos dá uma noção do grau de espetacularidade das coroações de reis, inspiradas nas antigas cerimônias de coroações de reis do “Rei do Congo”, realizadas pelas irmandades de Nossa Senhora do Rosário na ocasião da posse de seus empregados como; Mordomos, procuradores, juízes e reis entre outros. Tais empregos tinham validade de um ano os quais eram remanejados a outros irmãos no advento dos festejos de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos geralmente realizados no mês de outubro (primeira domingo) e/ou no dia de reis. Ainda segundo o escritor João Brígido;

“Os negros eram autônomos, uma vez por anno,-dia de reis. Um dos mais influentes envergava o manto, punha coroa e tomava o sceptro, exercendo a realeza de papelão. A rainha e a corte o seguião á egreja do Rosário, e havia rufos de caixa, e repiques de sino. O vigário, com o clero, vinha receber a comitiva à porta da egreja, de hysope e caldeirinha. Nesse dia, a pragmática concedia muitas regalias aos pretos, e não era uso apanharem. Ao contrario, o Rei do Rosário tinha até a prerrogativa, concedida pela justiça, de soltar um preso”!

Roupas e adereços eram; negociados, adquiridos ou emprestados aos negros por seus senhores através de longos diálogos, bem como, através de doações provindas de senhoras abastadas da sociedade que se desfaziam de seus velhos vestidos de noiva, sobras de costuras, e alguns penduricalhos como bijuterias e algumas miçangas.
Após as coroações haviam demoradas rodadas de danças como o “carrega em baixo” e melodias acompanhadas por caixas e pandeiros que perduravam durante todos os dias da festa.

Comidas típicas como o aluá ou “uálua palavra de origem quimbumdo”, o vatapá e outras iguarias a base de milho ou feijão eram amplamente consumidos durante os festejos.

Como vimos, a festa do rosário através de seus diversos afazeres como, a feitura de vestimentas, a fabricação de bebidas e diversas comidas, tudo isto sem contar a decoração e o asseio da igreja, bem como, o aluguel do imóvel onde seria realizada a recepção dos músicos, dançarinos, irmãos e demais convidados possibilita uma grande troca de informações e um grande grau de sociabilidade permitindo a troca de signos e material cognitivo não só aos integrantes da irmandade como a qualquer pessoa que se dispusesse a participar dos festejos. Rodolfo theophilo nos relata o seguinte;

“O rei era um preto já idoso, de manto, sceptro e coroa. A rainha, uma escrava meio velha, acompanhada de duas damas de honor. Na capela-mór estava armado o throno, em que se deviam sentar suas majestades. Logo que chegava o rei com sua corte, entrava a missa, sahia o cortejo real de cidade a fora até o palácio, em que passava o resto do dia a comer, beber, a dansar, festejando as poucas horas de liberdade que todos os annos lhe concediam os senhores da terra que primeiro libertou os seus escravos”.

Alguns fatores são apontados como preponderantes para o encerramento das atividades da Irmandade do Rosário da capital são eles: O conservadorismo católico com a chamada “romanização” ou centralização por parte da igreja exercendo seu poder controlador sobre a irmandade chegando até mesmo a modificar seu estatuto proibindo as coroações dos reis negros do rosário, a diminuição do número de irmãos devido o surgimento de outras confrarias sobre tudo as vicentinas que obedeciam a diretrizes e doutrinas advindas do Vaticano sendo, portanto mais bem vistas perante a sociedade do que as de outras vertentes, o preconceito a todo tipo de manifestação de raízes africanas em uma sociedade que se afrancesava a qual tinha como parâmetros de civilidade a cultura branca europeia neste sentido abominando-se qualquer outro tipo de cultura silvícola ou de matizes africanos, a crescente valorização do espaço urbano de Fortaleza na segunda metade do século XVIII gerando a cobiça desenfreada de magnatas inescrupulosos como o comendador Francisco Coelho da Fonseca que deflagrou verdadeira guerra contra a irmandade pretendendo anexar alguns bens da irmandade que a época constituíam-se por terrenos, imóveis alugados e instalações, a proibição da arrecadação de esmolas “vistas praticas indesejadas no espaço publico”.

Tudo isto exposto, vimos como se deu o fim desta irmandade que perduraria chegando aos dias atuais em municípios mais humanamente adiantados do interior e de outros estados. Em nosso caso "Fortaleza" graças a esforços da Associação Cultural Maracatu Rei do Congo desde meados de 2010 a referida irmandade voltou a ativa exercendo sues trabalhos até a presente data incluindo-se aqui as respectivas coroações de seus reis realizadas no mês de outubro com a pompa e fausto de antigamente...

terça-feira, 25 de maio de 2010


Jean Baptiste Debret, Negros arrecadam esmolas para a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.

SEGUE ABAIXO O COMPROMISSO DA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DE ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS DA CAPITAL DO CEARÁ DATADO DE 1840..
 
OBS: O texto a seguir reproduz na integra o original documento, sobre tudo, o respectivo "português" escrito à época (...)

Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Capital

Resolução Provincial n° 209, de 1° de Setembro de 1840, sancionada pelo presidente Francisco de Souza Martins.

Lei Provincial n° 20, de 2 de Setembro de 1840.

Art. Único. Fica confirmado o compromisso da irmandade de N. S. do Rosário dos homens pretos desta cidade do Ceará, constante de dezesseis artigos, autorisada a mesma irmandade para delle poder usar; e revogadas quaesquer disposições legislativas em contrário (1).

COMPOSIÇÃO DA IRMANDADE.

Art. 1. A irmandade de Nossa Senhora do Rosario desta cidade, e seu termo, é composta de homens pretos de ambos os sexos (?), tanto forros como escravos, e se outras pessoas de differentes qualidades quizerem ser admittidas nesta irmandade serão aceitas, porém por devoção.

EMPREGADOS DA IRMANDADE.

Art. 2. Nesta irmandade haverá rei e rainha, e uma mesa composta de um juiz, escrivão, procurador, thesoureiro e doze mordomos.
ELEIÇÕES.

Art. 3. Na manhã do dia da festa de Nossa Senhora do Rosario se fará a eleição, primeiramente do rei, rainha, juiz, escrivão, thesoureiro, procurador e doze mordomos, seguir-se-ha logo a eleição de uma juiza, uma escrivãa e doze mordomas. Os que quizerem servir por devoção os ditos empregos tanto homens como mulheres, o farão constar em mesa para serem seus nomes lançados, com a declaração – por devoção -. Os irmãos por devoção não votarão, e nem serão votados, salvo para os empregos de thesoureiro e procurador, os quaes poderão recahir ainda mesmo em quem não fôr irmão por devoção.

JÓIAS, ENTRADAS E ANNUAES.

Art. 4. O irmão que fôr eleito rei, e a irmã que fôr eleita rainha, pagará cada um uma joia de oito mil réis, o juiz quatro mil réis, o escrivão dous mil réis, cada mordomo mil réis, a juiza dous mil reis, a escrivã mil réis; cada mordoma quinhentos réis, e isto mesmo pagarão os que entrarem por devoção. A entrada de cada irmão será sde seiscentos e quarenta réis; e os annuaes trezentos e vinte réis. O procurador e o thesoureiro nada pagarão em attenção aos serviços que tem de prestar, e só satisfarão os annuaes, por que destes só ficão isentos os mais empregados no seu anno.

ENTRADAS.

Art. 5. Qualquer preto que quizer entrar nesta irmandade participará ao procurador, para lançar o seu nome no livro das entradas, pagando logo seiscentos e quarenta réis, e logo lhe mostrará este compromisso para vêr quaes as obrigações que tem de cumprir, e os beneficios que tem de receber, e se fôr captivo será declarado o nome do seu senhor.

A RESPEITO DA FESTA.

Art. 6. Haverá festa todos os annos na primeira dominga de Outubro, e caso, por algum motivo justo, não possa ser nesse dia, será transferida para a primeira oitava de Natal. A festa será feita com novena, repartidas as noites pelos irmãos, e as despezas do dia do festejo serão à custa do rei, rainha, juiz, juiza, escrivão, escrivãa, e se assim não quizerem, serão feitas as despezas pelos rendimentos da irmandade, com a possível solemnidade, e a mesa, um mez antes, resolverá se ha ou não festa. Se houverem pessoas que não sejão da irmandade, e queirão dar noites se aceitarão com satisfação, e da mesma forma quando houver algum devoto que queira fazer a festa à sua custa.

POR QUANTO TEMPO DEVE SERVIR A MESA.

Art. 7. Os empregados da mesa servirão por um anno, tempo em que devem pagar suas joias, e poderão ser reeleitos, se quizerem. O procurador e o thesoureiro, servirão por três annos, e caso antes disso peção isenção, serão attendidos; asim como serão removidos, se antes do dito tempo derem motivos; o que porém será por deliberação da mesa, que nisto se portará com muita circumspecção e escrupulo.

SESSÕES DA MESA.

Art. 8. A mesa se reunirá, sob a presidência do parocho, todas as vezes que fôr preciso tratar-se dos interesses da irmandade, e será convocada pelo juiz, ou procurador, ou thesoureiro, ou parocho, e reunindo-se metade e mais um haverá deliberação, e caso faltem alguns mordomos, serão chamados os irmãos que mais commodamente possão comparecer; o parocho manterá a ordem, proporá, discutirá e porá os negócios à votação, mas não votará; à sua direita se assentará o juiz, e logo adiante o escrivão, e à esquerda do mesmo parocho se assentará o thesoureirpo, e logo adiante o procurador, e seguirão indistinctamente, por um e outro lado, os mordomos, e de tudo que se deliberar se fará acta, em que todos assignarão, e será escripta, pelo escrivão, ou por qualquer outro da mesa, e mesmo por pessoa de fora, se assim se assentar à mesa; os que souberem escrever assignarão a rogo dos que não souberem, podendo assim fazer o escrivão que lançar as actas.

(1) Revogada pela Lei n° 230, de 12 de Janeiro de 1841. Restaurada pela Lei n° 345, de 18 de Julho de 1845.

Resolução Provincial n° 345, de 18 de Julho de 1845, sanccionada pelo presidente Ignacio Corrêa de Vasconcelos.

Lei Provincial n° 1
Artigo Único. Fica em vigor a Lei provincial sob n. 20 de 2 de Setembro de 1840, que approva o compromisso da irmandade dos homens pretos desta capital da Fortaleza, e revogadas quaesquer disposições legislativas em contrario.

A Irmandade era composta e subdividida da seguinte forma:

Rei – José Bezerra.

Rainha – Garcia da Costa.

Juiz – José de Sousa, escravo do Capitão-mor.

Juiz – Francisco José, escravo de José Sousa Pinto.

Juízas – Inácia Pereira d’Azevedo e Garcia Ferreira Moura.

Escrivães – Domingos Gonçalves José de Barros, Antônio dos Santos Braga, Mariana Ferreira Xavier e Inácia de Aguiar.

Mordomos – Antônio de Sousa, Antônio de Brito, José Rodrigues das Neves, Manuel de Brito, Domingos, escravo do Padre Domingos Ferreira, Chaves, Aniceto Coelho, Francisco Pereira, Francisco da Cruz, José Vicente, José Furtado, Florência de Brito, Faustina Viegas, Margarida Dias, Bernarda Ferreira Chaves, Ana, crioula, Domingos d’Assunção, Isabel Franco Teixeira, Helena Dantas.

JUÍZES BRANCOS

Juiz – coronel José Bernardo Uchoa.

Juíza – Teresa de Jesus Maria, mulher de Matos Rabelo.

Escrivão – ajudante Francisco Vaz de Oliveira.

Escrivã – Maria José, mulher de Antônio de Freitas.

Procurador Tesoureiro – capitão Domingos Francisco Braga.

Procuradores – Pedro Gonçalves de Matos e José Rodrigues das Neves.