quinta-feira, 29 de outubro de 2009

22. O NEGRO NO CEARÁ

(Habitação simples de negros quilombolas século XIX).

23. A PERSEVERANÇA E PORVIR

Vista típica da Rua Formosa (atual Br. do Rio Branco desde 1909) em meados do século XIX


Fruto da perseverança de dez moços de extrema bravura nascia a 28 de setembro de 1877 na casa de nº 100 da antiga Rua Formosa (atual Br. do Rio Branco desde 1909) a “Perseverança e Porvir”, sociedade com fins econômicos, que se tornaria muito em breve balaústre incansável na luta abolicionista em nosso estado. Foram os sócios fundadores: José Correia do Amaral, José Teodorico de Castro, Joaquim José de Oliveira Filho, Antônio Dias Martins Júnior, Antônio Cruz Saldanha, José Barros da Silva, Francisco Florêncio de Araújo, Antônio Soares Teixeira Júnior, Manoel Albano Filho e Alfredo Salgado. “A partir de 1880 passava a sociedade a funcionar em uma das dependências da casa do Sr. José do Amaral” (residência do então presidente desta associação) denominada por todos de “Castelo da Rocha Negra”. A sociedade manteria um “fundo de caixa” a ser alimentado pela contribuição espontânea dos sócios sendo tais efetivos voltados exclusivamente à causa abolicionista. Entre as principais realizações benfazejas desta sociedade, além da alforria de diversos escravos e calorosos debates políticos, citamos a fundação da “Sociedade Cearense Libertadora” e de outra sociedade humanitária, beneficente entre senhoras, que culminaria com a fundação da “Cearenses Libertadoras”.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

24. FUNDAÇÃO DA SOCIEDADE CEARENSE LIBERTADORA

(Bandeira provincial do Ceará Século XIX)

Às 11 horas do dia 8 de dezembro de 1880 dava-se inicio a solenidade de fundação da Cearense Libertadora por sócios da Perseverança e Porvir, ocorrido no salão de honra da Assembleia Legislativa provincial. Na ocasião deu-se a libertação de cinco escravos sendo três adultos e duas crianças, bem como, a inscrição de 225 sócios a instituição. Subiram a tribuna para realizarem acalorados discursos ilustríssimos abolicionistas como; Exmo. Senhor Conselheiro André Augusto de Pádua Fleury (presidente da província do Ceará a época), Sr. Gonçalo de Almeida Souto, Sr. João Batista Perdigão de Oliveira, Sr. Antonio Papi Junior, Dr. Frederico Borges e por entre palmas a figura do simpático Dr. G. Studart como representante do Gabinete de Leitura. Todos os discursos eram igualmente concluídos com mil vivas e estrondosas salvas de palmas. Dr. Picanço ofereceu as rendas da opereta Madame Angot na Munguba, de sua autoria e em cartaz no Teatro São José a causa abolicionista, O Sr. Pedro Hipólito Girard ofereceu a renda de uma noite do seu quiosque-botequim localizado no passeio público, o distinto Venerável da Loja Maçônica Fraternidade Cearense ofertou a quantia de 50$000 mil réis de seu tronco beneficente e o Sr. César de La Camp (Cônsul da Alemanha) ofertou a quantia de 20$000 réis a causa libertadora. Às três horas da tarde, dava-se como encerrada a seção, com a cifra de 227 associados e com harmoniosas melodias das bandas da policia militar e do 15º Batalhão.

domingo, 25 de outubro de 2009


(Panfleto elucidativo da "Perseverança e Porvir" e da "Sociedade Cearense Libertadora")


DIRETORIA DA SOCIEDADE CEARENSE LIBERTADORA:
Presidente: João Cordeiro
Vice-presidente: José Correia do Amaral
1º Secretário: Dr. Frederico A. Borges
2º Secretário: Dr. Antônio Bezerra de Menezes
Advogados: Dr. Manuel A. da S. T. e capitão Justino Francisco Xavier
Tesoureiro: Capitão João Crisóstomo da Silva Jataí
Procuradores: José Caetano da Costa, João Carlos da Silva Jataí, João Batista Perdigão de Oliveira e Eugenio Marçal.



Guilherme Studart - Barão de Studart. Grande lutador da causa abolicionista cearense.


Na tarde de 25 de março de 1881, era entoado pela primeira vez o hino da Sociedade Cearense Libertadora composto por Frederico Severo, poeta e teatrólogo de grande prestígio da época, e musicado pelo mestre João Moreira da Rocha.
“Eia! As armas, soldados livres,
Na vanguarda já soa o tambor!
Eis o mote de vosso estandarte:
- Liberdade, aos cativos, e amor-
CÔRO
Para sempre se apague da face
Da formosa auriverde bandeira
Esse negro borrão, que nos mancha
E que avilta a nação brasileira.
CÔRO
Os soldados da causa tão santa
Jamais podem na luta cair!
E se alguém sucumbiu na peleja,
Não caiu, mergulhou no – porvir.
CÔRO
Nossas armas tão brancas e puras
Tem no punho a palavra – Perdão!
Entre as dobras do nosso estandarte
Aninhou-se uma deusa – A Razão.
CÔRO
Expulsai do país das palmeiras,
Onde o sol mais abrasa e mais arde,
Os vilões traficantes de escravos,
Raça infame, nojenta e covarde.
CÔRO
Todo mundo que atento nos ouve,
Bate palmas aos nossos heróis,
Quando vir que não há mais senhores,
Nem escravos na pátria dos sóis!
CÔRO
E que a águia altaneira que voa,
Pelo dorso dos serros azuis,
Leve aos astros, na garra gigante,
A bandeira banhada de luz!
CÔRO

sábado, 10 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

26. BRAVOS JANGADEIROS



Francisco José do Nascimento conhecido como: "Dragão do Mar"( bravo jangadeiro cearense).


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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

27. SÁTIRO DE OLIVEIRA E A ABOLIÇÃO NO CEARÁ

Missa realizada no dia 17 de maio de 1888 no Rj em comemoração a abolição da escravatura.


Em 13 de maio de 1911, em sua monografia, o ex – presidente da província Dr. Sátiro de Oliveira Dias sobre a abolição do Ceará revela-nos;

“O governo guardava reserva sobre o problema do elemento servil, e o próprio imperador (D. Pedro II), que era intimamente ligado pela abolição, Mostrava-se ainda mais discreto que os seus ministros”.

Sátiro de Oliveira assumiu o governo da Província do Ceará em 21 de agosto de 1883 e logo se deparou com membros da Libertadora cearense, a cuja frente figurava a fulgurante figura de D. Maria Tomásia. Em 28 de agosto, ou seja, 8 dias depois de sua posse publicou uma circular em que dizia:

“Esta presidência liga a mais séria importância ao serviço da libertação de escravos, e por isso recomenda muito particularmente a V. Mcês. Que, tendo na maior consideração as condições em que se acha o elemento servil nesta província, empenhem todos os seus esforços para que a quota atualmente distribuída pelo fundo de emancipação seja aplicada de modo a produzir o mais avultado número de libertações que for possível. Procedendo de acordo com este pensamento, e opondo-se com decidido empenho ao abuso dos preços excessivos, essa junta satisfará aos melhores desejos desta presidência, e prestará um real serviço ao bem social desta província. Aos sentimentos de patriotismo e humanidade dessa junta tenho por muito recomendada esta importante questão”.

Pouco tempo depois de publicada esta circular, elevava a sanção a lei que estabelecia a quantia de cem mil réis o imposto sobre escravos residentes na província, estabelecendo para a arrecadação desse imposto uma matricula especial nas coletorias que taxava um valor de 1:500$000 no traslado de escravos cearenses para outras províncias, qualquer que fosse o motivo de sua saída. Esta lei validou o extermínio do elemento servil no Ceará tomando nos anis da província o número 2034 e a data de 19 de outubro de 1883.

Em 25 de março de 1884 realizou-se na Praça Castro Carreira, e em presença de boa parte da população de Fortaleza, majestosa festa para a “Libertação” na qual se proclamou ao pais e ao mundo – "QUE A PROVÍNCIA DO CEARÁ NÃO POSSUIA MAIS ESCRAVOS”!

Foi estrondosa a repercussão do acontecimento em todo o Brasil, e por isso mesmo a reação escravista não tardou fazendo com que em pouco tempo Sátiro se exonerasse de seu cargo em 31 de maio de 1884. Já em 1888, ou seja, quatro anos mais tarde, o país era abolicionista de ponta a ponta contagiando membros do governo, da câmara e do senado, sendo então o Ceará glorificado.
Bibliografia:
GIRÃO, Raimundo. A Abolição no Ceará, 2º edição. Fortaleza, Publicação da secretária de cultura do Ceará, 1969.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009